Predefinição:Página de pensamentos
Eu ainda estava orelhudo Com estes versos que faço Porque nunca achei poeta Que me fizesse embaraço Porém uma velha agora Quase me quebra a cachaça
A velha fez-me subir Onde nem urubu vai Andei numa dependura Já está cai ou não cai Ainda chamei tio o gato Tratei cachorro por pai
Quando partiu foi babando O corpo vinha tremendo Antes de dar boa noite De longe me foi dizendo: "Meu amigo eu venho metê-lo Entre um quente e dois fervendo"
Eu sei que o senhor é duro Eu cá sou da mansidão Porém só pode salvar-se Se eu lhe der a certidão Pois o boi na terra alheia Até as vacas lhe dão
Eu andava nos meus negócios No estado de Sergipe Uma noite me hospedei Em casa de um tal Felipe Aonde havia uma velha Da serra do Araripe
Disse-me o dono da casa: — Eu aqui tenho um colosso Uma poetisa velha Que dá em poeta moço Quem faz verso nesta terra Está hoje comendo grosso
Eu disse: — Senhor Felipe Garanto a vossa mercê Que neste planeta terra Não há mulher que me dê O velho olhou para mim E perguntou-me: — Por quê?
E disse: — Digo-lhe já Moleque não me dá vaia Parola não me intimida Nem pabulagens me ensaia E nas unhas dessa velha Não há duro que não caia
Disse o velho: — Sr. Barros A velha é prova de fogo Discute com qualquer um E não precisa de rogo Eu disse: — Traga ela cá A boca é quem faz o jogo