A Última Ceia
A Última Ceia se refere à última ceia que Jesus Cristo teve com seus discípulos na noite antes de Jesus morrer na cruz. O nome bíblico para essa ceia é Santa Ceia da Páscoa. Ela é bem conhecida por conta de uma pintura de Leonardo da Vinci, um pintor italiano do período renascentista.[1] Os quatro evangelhos da Bíblia, que registraram a cena da Última Ceia, isto é, a Páscoa, mostram que a aliança de Cristo para a salvação da humanidade está por trás do valor artístico de uma pintura mundialmente famosa. Isso porque Jesus estabeleceu a Nova Aliança, a lei da vida, para dar a remissão de pecados e a vida eterna a toda a humanidade na sua última Santa Ceia da Páscoa.

Material para a Obra-prima
A “Última Ceia” é um material histórico frequentemente usado na arte religiosa do Ocidente, e pode-se ver os quadros baseados nisso nas catacumbas (cemitério subterrâneo) dos cristãos primitivos também.[2] A cena descreve Jesus realizando a ceia com seus doze discípulos, na noite antes do seu sofrimento na cruz.
No passado, pintores desenhavam a pedido, ao invés de simplesmente pintar o que eles queriam. As obras de arte daquele tempo eram focadas nas pinturas históricas porque os clientes eram na maioria aristocratas e sacerdotes. Em particular, os comissários e artistas queriam refletir no significado da salvação, ao mesmo tempo em que expressavam a tensão e a emoção contidas na “Última Ceia”, retratando a última refeição de Jesus Cristo antes de sua morte e a traição de um discípulo através da pintura.[3]
A última ceia de Jesus foi pintada por vários pintores. ÚLTIMA CEIA de Giotto di Bondone, pioneiro da pintura renascentista,[4] TRÍPTICO DA ÚLTIMA CEIA de Dirk Bouts, que mostra bem as características da Renascença do Norte,[5] e A ÚLTIMA CEIA do pintor espanhol Juan Dejuanes, etc. Entre eles,[6] A ÚLTIMA CEIA de Leonardo da Vinci é a mais famosa.
A Última Ceia por Leonardo da Vinci
A ÚLTIMA CEIA foi pintada por Leonardo da Vinci ao longo de um período de dois anos, a partir de 1495, na parede de um refeitório em Santa Maria delle Grazie, em Milão, Itália. Essa obra é considerada como uma obra-prima do Renascentismo por sua criatividade, beleza e excelente maneira de lidar com o assunto de forma sublime. O historiador de arte britânico nascido na Áustria, Ernst Hans Josef Gombrich, disse que A ÚLTIMA CEIA de Leonardo da Vinci é “um dos grandes milagres realizados pelo gênio humano”.[7] Além disso, muitos estudiosos e críticos apreciam a arte desta obra, e muitos artistas visuais, incluindo Andy Warhol, reconhecem o seu valor, transcendendo o tempo, a ponto de criarem obras a partir dela.[8] Esta obra foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.[9]
Tema e cena
O tema dessa obra é “A Última Ceia” que Jesus compartilhou com seus doze discípulos no dia antes da sua morte na cruz. A cena supostamente descreve a reação dos discípulos quando Jesus disse que um dos discípulos o trairia.[10][11] No evangelho de João da Bíblia, está registrado que os discípulos olhavam uns aos outros e se perguntavam quem o trairia.[12] Esse é o momento que Leonardo da Vinci quis desenhar. Há várias expressões faciais e gestos de Jesus e seus discípulos nessa pintura.
“Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. [...] a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere. Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?”
De acordo com a explicação da Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO, quatro grupos de três imagens foram pintadas em cada lado de Cristo.
O primeiro grupo começando na extremidade esquerda de Jesus é Bartolomeu, Tiago (filho de Alfeu) e André, que parecem chocados com as palavras de Jesus. O segundo grupo é Pedro, Judas e João. Pedro, que é impetuoso, inclina-se para João, sussurrando algo, e João está empurrando, sem intenção, Judas para frente. Judas é enfatizado sem estar separado dos outros. O terceiro grupo do meio, inclinado em direção a Jesus e parecendo surpreso é Tomé, Tiago (irmão de João) e Filipe, que parecem ser zelosos para confirmar sua lealdade a Jesus. O quarto grupo na extrema direita de Jesus é Mateus, Tadeu e Simão. Eles não estão olhando para Jesus por causa do debate acalorado entre eles.
Alguns elementos simbólicos também são encontrados na A ÚLTIMA CEIA. A faca na mão de Pedro implica que ele a usará mais tarde ao cortar a orelha do soldado que tentava prender Jesus, e a bolsa na mão de Judas simboliza a sua traição por trinta moedas de prata.[13][14] O pão e o vinho na mesa não são apenas comida para uma ceia, mas eles simbolizam a carne e o sangue que Jesus derramaria na cruz no dia seguinte.[15]
Composição e técnica de desenho
Nas pinturas que trataram do mesmo objeto em Florença no século XV, os discípulos são colocados em cada lado de Jesus e Judas separadamente do outro lado. Na pintura de Da Vinci, Judas não está isolado, mas senta no meio dos discípulos.[16] Além disso, ele utilizou perspectiva linear para criar a ilusão de profundidade de uma superfície plana, que é uma das características da arte renascentista. Perspectiva é expressa sobre o ponto de fuga localizado na cabeça de Judas, que faz parecer como se a parede da pintura está conectada com a parede real, e como se a última ceia está sendo realizada no fundo da sala.
Também é notável que não há aréola ao redor de Jesus e seus discípulos, diferente das pinturas anteriores, que trataram do mesmo objeto. Da Vinci cercou Jesus com luz brilhante vinda das três janelas atrás dele. Ele usou a luz para criar um efeito tridimensional sobre os personagens, e vividamente descreveu os detalhes como amassados de roupas e pratos sobre a mesa.
“ Não houve nada nesta obra que parecesse com representações mais antigas do mesmo tema. Nestas versões tradicionais, os apóstolos foram vistos sentados em silêncio na mesa em uma fila, somente Judas estava segregado do restante, enquanto Cristo estava calmamente dispensando o Sacramento. A nova imagem foi muito diferente de qualquer uma dessas pinturas. “ — - A HISTÓRIA DA ARTE, E. H. Gombrich
Da Vinci também escolheu não usar o método pré-existente de técnicas de desenho. Para fazer uma obra-prima perfeita, ele trabalhou na têmpera, que é uma técnica de pintar com pigmentos ligados à gema de ovo, e não no afresco, que é uma técnica com a qual a pintura não pode ser fixada depois de feita. A técnica da têmpera tinha a vantagem de poder descrever detalhadamente e expressar cores vivas, mas tinha a desvantagem de descolar facilmente quando usada em quadros. Como resultado, mofo e rachaduras se formaram na A ÚLTIMA CEIA de Da Vinci, e parte da pintura caiu devido à umidade na sala de jantar.
É dito que a pintura já tinha deteriorado no início do século XVI,[17] e perdeu sua verdadeira aparência através de enchentes e guerras.[18] Como o governo italiano começou a restaurar a pintura no final dos anos 1970, a pintura restaurada foi liberada ao público em 1999.[19] Ainda que o tempo de visualização seja limitado a 15 minutos para cada pessoa a fim de impedir danos à obra, muitas pessoas visitam Milão para ver a obra-prima.[20]
A Páscoa, o Nome Bíblico para a Última Ceia
O nome bíblico para “A ÚLTIMA CEIA” é Páscoa.[15][21] A palavra “ceia” no dicionário inglês se refere a uma refeição principal comida de noite ou um evento em que as pessoas chegam juntas para comer à noite[22]. Como a palavra “ceia” mostra, a Páscoa é celebrada na noite do 14º dia do primeiro mês do calendário sagrado.[23] Assim, Jesus também esperou por este dia para celebrar a Páscoa com seus doze discípulos no crepúsculo da tarde.[10][15]
“E eles fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa. Chegada a tarde, pôs-se ele à mesa com os doze discípulos. [...] Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.”
Algumas pessoas entendem mal que a Páscoa da Bíblia é o dia em que Jesus ressuscitou. Contudo, a Páscoa na Bíblia é celebrada na noite anterior ao sofrimento de Jesus,[24] e a Santa Ceia é celebrada em comemoração à morte de Jesus, não da sua ressurreição.[25]
Cerimônia da Páscoa
Jesus sabia que Judas Iscariotes o trairia, que seus discípulos fugiriam, e que ele morreria com grande dor e agonia. À beira de uma terrível morte, Jesus realizou a última ceia, a Páscoa da Nova Aliança, preparou e a realizou a fim de cumprir todas as profecias da Bíblia.
A Páscoa consistiu da cerimônia de lava-pés e a santa ceia. A cerimônia de lava-pés era um ritual em que os santos seguiam o exemplo de Cristo que lavou os pés dos seus discípulos antes de tomar o pão e o vinho da Páscoa.[26] Depois da cerimônia de lava-pés, a santa ceia da Páscoa foi realizada para os discípulos participarem do santo corpo e do precioso sangue de Jesus.
CLASS. | CONTEÚDO |
Preparação | Jesus envia Pedro e João para preparar uma sala onde eles pudessem comer a Páscoa. Os discípulos preparam a Páscoa como Jesus lhes ordenou.[27][28][29] |
Cerimônia de Lava-Pés | Na noite da Páscoa, os discípulos se reúnem no sótão, que é dito que pertence a Marcos, e Jesus mesmo lava os seus pés.[30] Depois de lavar os pés dos seus discípulos, ele lhes diz para fazer isso assim como ele lhes deu o exemplo.[26] |
Santa Ceia da Páscoa | Jesus estabelece a Nova Aliança com a promessa da remissão de pecados e a vida eterna ao permitir seus discípulos comerem e beberem o pão e o vinho da Páscoa, que representam a sua carne e o seu sangue.[31][32][33] |
Bênçãos contidas na Páscoa
O que Jesus queria ansiosamente fazer antes do fim de sua vida era guardar a Páscoa com seus discípulos.[15] Ao fazer isso, Jesus cumpriu o seu propósito de vir a esta terra.[34][35] Jesus veio para salvar a humanidade. Para a humanidade, que está destinada a morrer por causa de seus pecados, a salvação significa obter a vida eterna.[36][31] Quando Jesus estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum, ele claramente disse que ninguém tem vida se não comer e beber sua carne e seu sangue.[37] A Páscoa é a maneira de comer e beber a carne e sangue de Jesus, que é a vida eterna em si. Jesus ordenou diretamente aos seus discípulos que preparassem a Páscoa,[27] e lhes disse para comer e beber o pão e o vinho que representam a sua carne e o seu sangue na ceia.[31] Já que ele veio para salvar a humanidade, ele desejou ansiosamente guardar a Páscoa da Nova Aliança que contém a promessa da remissão de pecados e a vida eterna.
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.”
Última vontade de Jesus, a Nova Aliança
Na ceia da Páscoa, Jesus proclamou o vinho da Páscoa como a “Nova Aliança no seu sangue”. Ele também disse aos seus discípulos para guardarem a Páscoa “em sua memória”, o que significa que o povo de Deus deve guardá-la até o fim sem se esquecer dela.[33] Já que a Nova Aliança foi proclamada na noite antes da morte de Jesus, é a última vontade de Jesus. Um testamento toma efeito somente quando alguém morre.[38] A Páscoa da Nova Aliança, que é o testamento de Jesus, também, tomou efeito quando Jesus morreu. Mesmo depois do sacrifício de Jesus na cruz, a igreja primitiva continuou a celebrar a Páscoa e comemorou a sua morte.[25] A fim de comemorar o amor e o sacrifício de Jesus e pregar a verdade da salvação, os apóstolos e os membros da igreja primitiva guardaram a Nova Aliança com todo o seu coração, e não perderam a fé mesmo encontrando tribulação e perseguição.[39]
“Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa [...]”
Ver Também
Vídeo Relacionado
- [Mais Fato] Última Vontade de Jesus
Referências
- ↑ «"A Última Ceia"». Encyclopedia.com
- ↑ “A Última Ceia Interpretada por da Vinci e Outros Artistas”, LIBERTY VOICE, 17 de abril de 2014
- ↑ Pintura A Última Ceia por Leonardo da Vinci, Britannica
- ↑ A Última Ceia. História da Arte
- ↑ Robert Suckale, “Primeira Renascença, Obras-primas da Arte Ocidental: Uma História da Arte em 900 Estudos Individuais do Gótico aos Dias Atual”, TASCHEN, Edição Reimprimido, p. 130, 1º de setembro de 2002
- ↑ Stephen Farthing, “1001 Pinturas que Você Deve Ver Antes de Morrer”, Londres: Cassell Illustrated, 2006
- ↑ A História da Arte Brochura, E.H. Gombrich, Phaidon Press; 16ª edição, 9 de abril de 1995, pág. 217
- ↑ “A Última Ceia, Um Drama Cósmico e um Ato de Redenção, a Influência da Pintura ao Longo dos Séculos”, Temple Lodge Publishing, 2005, p. 86-87
- ↑ “Igreja e Convento Dominicano de Santa Maria delle Grazie com A Última Ceia de Leonardo da Vinci”, Unesco
- ↑ 10,0 10,1 10.0 10.1 Mateus 26:20-22
- ↑ “A História de Leonardo Da Vinci 500 Anos Depois da Sua Morte”, Antone R. E. Pierucci, Editora Atlantic
- ↑ João 13:21-22
- ↑ “A Última Ceia”, Britannica
- ↑ “A Última Ceia”, Khan Academy
- ↑ 15,0 15,1 15,2 15,3 Lucas 22:15-20
- ↑ “A ÚLTIMA CEIA”, Comuns Digitais Universidade La Salle
- ↑ “A Última Ceia de Leonardo restaurada: Um Naufrágio, mas um naufrágio autêntico", The Art Newspaper, 1º de novembro de 1998
- ↑ “O Dia em Que Quase Perdemos A Última Ceia de Da Vinci Para Sempre!", Rearview Mirror, 15 de agosto de 2014
- ↑ “O quebra-cabeça de da Vinci: Restaurando A Última Ceia". BBC News, 1999
- ↑ “Meus 15 minutos com uma das pinturas mais famosas do mundo ‘A Última Ceia", The Star, 27 de agosto de 2022
- ↑ “Leonardo da Vinci”, HISTORY.COM
- ↑ “ceia”, Dicionário de Cambridge
- ↑ Levítico 23:5
- ↑ Lucas 22:15
- ↑ 25,0 25,1 1 Coríntios 11:23-26
- ↑ 26,0 26,1 João 13:14-15
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- ↑ Marcos 14:12-16
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- ↑ João 13:1-5
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- ↑ Lucas 19:10
- ↑ João 10:10
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- ↑ Hebreus 9:15-17
- ↑ Hebreus 11:33-38